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quarta-feira, 4 de maio de 2011

O Bar.

Cercado por bêbados rotos
e escandalosos
numa atmosfera condensado e densa
de cachaça,
o ar é uma nuvem de fumaça
de cigarro que paira sobre nossas cabeças
como um céu Miltoniano.
O cheiro de cachaça e cerveja choca
impregnado em paredes
meadas de azulejos amarelados
com sua pequenas flores azuis.
Homens morenos sem camisa
de barbas grossas
sorrisos sem dentes
cabelos mulatos desgrenhados
e sem corte.

A conversa soa altíssima e estridente,
gargalhadas
palavrões
insultos.
Abraços em peitos nus.
Mãos vacilantes estalando
em costas suadas.
O barulho da cachaça tilintando
em copos vazios e sebosos.
O abridor deflorando mais uma garrafa de
cerveja.
"A mais gelada que tiver"
Bêbados.
Todos embriagados e superagitados
vacilantes.
Os olhos inchados
o rosto vermelho
cozidos
tira-gostos fritos nadando em
gordura saturada são devorados
com ferocidade.
loucos viajantes de mundos
oníricos.
Delírio e fé na correntinha de São Jorge
que balança com seu cavalo e seu dragão
sobre tufos de pelos peitorais.

Personalidades instáveis
o controle é incerto à essa altura.
Ah! Uma briga!
A garrafa se espatifa no chão
eles abrem os braços, esbravejam.
Logo estarão todos rindo e se
abraçando de novo.

É assim todos os finais de semana.
Eles precisam extravasar suas vidas
horríveis
mulheres
horríveis
famílias
horríveis

Há uma certa altura você não ouve
mais nada além de um
zumbido abafado.
Anjos caídos com cabeças
de dragão e hálito de fogo
Tiveram suas asas cortadas logo sedo,
mas lhes ensinaram a cuspir
fogo.
Bêbados e loucos

Alguém passa na calçada e faz sinal
com a cabeça.
Algo mais forte vai rolar.
Insaciáveis.

Eu era só uma criança.

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