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quarta-feira, 20 de julho de 2011

Hei Cara!


Hei Cara. Aonde você esta?
Durante todo esse tempo demorei muito pra te ver.
Hei Cara. Por onde você andou?
Não me parece nada bem!
Faz muito tempo que não conversa com alguém.

Vejo em seus olhos uma ânsia de desabafar.
Seus lábios tensos e imóveis querem falar.

No céu há um gavião com as asas estendidas voando em círculos sobre nossas cabeças.
De lá ele pode ver sua presa.
De lá ele saberá o momento certo para atacar.

Eu sei que você sabe disso também, meu velho!
Esses são os mesmos olhos de antes , mas estão diferentes, quase irreconhecíveis.
Eu sei porque os conheço bem.

O que será que Ele escreve sobre nós em seu Diário Cósmico?

Imagine todas as pessoas que andam por ai.



Já pensou o que elas têm a lhe dizer?
E se você pudesse ouvi-las como uma britadeira em sua cabeça?
Você as ouviria?
Entenderia suas palavras?

Acho que não!
É, acho que não!

E se tudo o que “eles” dissessem fosse sobre você, se conhecessem seus segredos de Bunker Subterrâneo e gritassem bem alto em seus ouvidos, como anjos de cabeça de megafone?
Você estaria preparado para ouvir o que eles diriam?
Ou para seus entes-queridos?

Acho que não!
É, meu caro, acho que não!

E se eles viessem lentamente andando solenemente com longos vestidos brancos e ternos brancos transparentes, como fantasmas, e usassem coroas de lírios nas cabeças, como Damas-de-Honra de réquiem. E em suas mãos levassem bandejas de pratas polidas como espelhos e sobre essas bandejas estivessem livros com capas de couro onde toda sua história fora escrita e eles a lessem para você em voz alta?

Você ficaria feliz?
Sentir-se-ia realizado?
Estaria pronto para ouvir sua própria história?

Acho que não!
É, meu caro amigo, acho que não!





domingo, 10 de julho de 2011

O JULGAMENTO.

Em um tribunal:
Entra o Promotor Público soberbo ao som do burburinho da platéia e das marteladas do enorme e carrancudo juiz. Ao lado esquerdo desse, o réu observa tudo passivamente.
Amarrado e amordaçado em sua mesa o Advogado de Defesa geme e esperneia.

PROMOTOR PÚBLICO:
Senhoras e Senhores. Apresentar-vos-ei o Réu!
Esse verme hostil de conduta errante.
Em suas veias corre o álcool e em seus pulmões o tabaco.
Devorador carnívoro se deleita em gorduras e açucares devorando toda a sobremesa posta à mesa.
E nos churrascos com cerveja, se farta em gula e bebedeira.
Esse verme libertino e beberrão passou a vida em bares e festas e não se enganem com sua aparência de bom moço, bonito galanteador, pois como um voraz carnívoro, comeria facilmente sua mãe, sua irmã e seu amor. Pois é sabido de seus casos de fornicação até com mulheres casadas. (Pobres senhoras!) Ludibriadas por juras de amor.

ALGUÉM DA PLATEIA:
CASTREM O VERME!

PLATEIA (enfurecida):
CASTREM O VERME!
CASTREM O VERME!
CASTREM O VERME!

JUIZ (malhando o martelo na mesa):
SILÊNCIO!
SILÊNCIO!

PROMOTOR PÚBLICO:
O senhor tem algo a dizer em sua defesa?

RÉU:
Bem, eu...

PROMOTOR PÚBLICO:
Cale-se! Verme desprezível, ou acha que deixarei que dissemine seu veneno assim como disseminou seu sêmen. Pois saibam, meus bons amigos, que em suas palavras tem o mesmo veneno que as palavras da serpente que envenenaram a mente da belíssima Eva no jardim do
Éden, e condenou seu corpo nu de coxas grossas e... Seios fartos... E...
Oh... Eva...

PADRE (na platéia):
Promotor Público, por favor. Contenha-se!

PROMOTOR PÚBLICO:
Pois saibam que ele gritou aos sete ventos que detesta o trabalho e quer ser artista. Vejam só!

PLATEIA:
Oooh!

PROMOTOR PÚBLICO:
E preferiu ver Calígula ao assistir o ultimo capitulo da novela.

PLATÉIA:
Oooh!

PROMOTOR PÚBLICO:
E preferiu se embebedar em festas e em boates ao ficar em casa no sábado à noite.

PLATEIA:
Oooh!

PROMOTOR PÚBLICO:
E ele ouve Rock e Jazz. E lê Nietzsche, Marx e Bukowski.

PLATEIA:
Oooh!

PROMOTOR PÚBLICO:
E todos os domingos de manhã quando nós saímos cabisbaixos e sonolentos pelas ruas para irmos à igreja, ele dorme nu com uma desconhecida qualquer.

PLATÉIA (furiosa):
CASTREM O VERME!
CASTREM O VERME!
CASTREM O VERME!

JUIZ (espancando a mesa):
SILÊNCIO!
SILÊNCIO!
Diante das acusações aqui apresentadas e da falta de empenho da defesa. O Réu é considerado CULPADO pelos crimes de:
LIBERTINAGEM, PRETENSÃO À INTELIGÊNCIA E EMBRIAGUES PUBLICA (visto que a embriagues domiciliar é aceitável, é claro!).
Por isso será condenado a viver o resto de sua vida COMO NÓS!

RÉU:
Nãaaaaoooo! Escute seu juiz, meritíssimo. Eu não fiz nada se errado só queria viver minha vida e aproveitá-la. Ainda sou muito jovem não me condene a VIVER COMO VOCÊEESSS.

JUIZ (batendo o martelo):
Está decidido. Sessão encerrada.

PLATEIA: VIVERÁ COMO NÓS!
VIVERÁ COMO NÓS!
VIVERÁ COMO NÓS!











quarta-feira, 6 de julho de 2011

O ESBOÇO

Não me pergunte,
não me faça explicar.
Dizer coisas que eu não quero falar.

Será tão difícil assim entender?
Você consegue me ver como sou?

Você pensa que me conhece,
mas não sabe nada sobre mim,
não sabe mais do que sabe os meus documentos,
 meu curriculum.
Então não me venha com essa!
Não me trate assim, como se soubesse
o que se passa.

Aqui eu sou só mais um,
só uma sombra do que eu realmente poderia ser,
um esboço.
 Aqui eu me confundo com
todos os outros,
mas não sou igual a ninguém.
nem melhor
nem pior.
Só não sou...

Amanhã, quando eu acordar, será um dia lindo.