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sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

De repente desperto antes mesmo do sol






Caminho sonolento
Em meio a uma multidão uniformizada
De almas-penadas.
Por trilhas demarcadas com tinta amarela
Seguimos com nossas caras de gado.
Há essa altura os cães são dispensáveis,
Mas ficam ali parados,
Suas línguas salivantes penduradas
Ao lado das roletas rígidas e frias.
O banheiro comunitário
Cheira a dejetos humanos e desinfetantes
Vigiado por um fantasma estático num canto da parede
Apoiado no esfregão confunde-se com os azulejos beges.
Esfrego meus olhos com água fria,
Mas continuo ali.
O fantasma também!

Olho para o céu
E vejo uma aurora rosa despontar no horizonte
Ao som de rodovias infinitas.
Os que passam desejam um bom dia
Perguntam se estou bem
E independente de como me sinta,
Sempre estou bem!
As portas se abrem revelando o cotidiano:
Infinito e imutável.

De repente desperto antes mesmo do sol...