Powered By Blogger

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Naquelas noites primordiais




Que, aos seus olhos,
Pareciam tão suntuosas...
Os olhos brilhantes em lugares lúgubres
A procura de anjos esmaltados
Que soltavam suaves baforadas de fumaça perfumada
Rostos serenos andando de bar em bar
Ou por ruas úmidas e escuras
E não temiam o perigo,
Pois era natural para eles.
Os ouvidos desatentos
Ouvindo filosofias absurdas de uma vida surreal
Rezando por mais um pouquinho de noite
Ou para que sol se atrasasse...
Não queriam dormir,
Pois se dormissem
Teriam que acordar
E acordando
Estariam de volta ao mundo real
E a realidade pesava sobre os ombros dessas crianças
E acabavam por sentir-se deprimidos.
Mas não podiam chorar,
Pois ninguém estava disposto a enxugar
As suas lagrimas de cristais.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

TIKBALANG


Cavalo Demônio. Espreita no mato.

Na floresta escura
Em trilhas desertas
Pés sobre folhas secas
Estalam no caminhar
Busca um lugar seguro para o filho abrigar.

Noite escura
Perdido na penumbra
O coração pesado 
Pelo filho deixado.

Com os olhos marejados
E o coração a disparar
Acomodou-se no colo da mãe
Vendo o pai se afastar.

Perdido em pensamentos
Teve os olhos anuviados,
Alertado pelo vento
De espanto foi tomado
Ao deparar-se de repente
Com um cavalo a sua frente,

Sentiu o corpo estremecer
E ficou paralisado
O enorme animal
Pelas patas pendurado
No topo de uma árvore
De galho arrojado.

Oh armadilha danada
Engodo ferrenho
De súbito terror tomado
Viu incrédulo, o animal reanimado.

Ergueu-se como homem
De hirsuto avermelhado
O elmo escarlate
Ocultando a equina face.

Mentalmente molestado
Por tenebrosa gargalhada
Soava alto em sua mente
Pra não atentar outra gente.

Por uma vida desenfreada
Abrira a porta pra tal criatura assombrada
E sabendo a culpa que tinha
Lamentou pela família.

Sentiu a alma ser domada
E por fumo defumada
Mas a lembrança do pequeno filho,
Que ainda homem havia de se tornar,
Reanimou-lhe o espírito
E se pôs a fuga daquele lugar.

Chegando agora a clareira
Donde deixara o pequeno
Viu logo os olhos tristonhos do menino
E sentiu reaquecer o seu espírito
(Abraços e suspiros).

Sem perder tempo avisou os camaradas
Do perigo que havia na estrada
E incredulos do que acontecera
Resolveram investigar tal besteira

Retornaram assombrados
Ofegantes com olhos estalados
Pois bloqueando a trilha escura
Havia o cadáver de um cavalo.

Assim recolheram-se todos
Por uma trilha oposta
Mas não menos temerosa
Esperançosos de encontrar
Um bom lugar para morar.