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terça-feira, 17 de maio de 2011

Coisas estranhas.

Estou seminu sentado confortavelmente
na poltrona do escritório da minha chefe.
Nós acabamos de transar.
Ela é minha ex-esposa.

Nós nos separamos quando ela descobriu
que eu estava trepando com a irmã dela.
A irmã dela é idêntica a ela.
E agora eu estou traindo minha amante,
irmã da minha ex-mulher,
com minha ex-mulher.
É como transar com a mesma pessoa.

A irmã-amante, que também é minha chefe,
descobre.
Fica puta.
Me demite.

Um astro de Hollywood se diverte com a cena.

Lá fora uma ferida no meu flanco direito
me incomoda.
Cutucu.
Arranco a casca sem sentir dor.
Meu dedo indicador entra sob a pele como
o dedo de Tomé em Cristo no quadro de
Caravaggio.

Um fazendeiro gordo e sorridente
se empolga ao me mostrar um enorme cavalo.
Ele deve ser o deus-cavalo, pois é
o maior cavalo que já vi.
Passa lentamente no alto do terreno da fazenda
encobrindo as montanhas ao fundo
e os trens de carga.
Sua pelagem é cinza e longa e
no lugar da crina
há uma juba modelada, parecida com a
de um leão de tradição chinesa.
Ele passa soberbo e altivo,
muito alto mesmo
e todos se maravilham com
o deus-cavalo.

No jantar devoro um belo e tenro frango-assado
e enquanto corto e devoro sua coxa,
o frango-assado começa a reclamar indignado,
pois acha um absurdo que comam o dorso dele.
"Os membros tudo bem, mas o dorso é 
uma falta de respeito", ele esbraveja.  

Fico enojado de estar comendo um
frango-assado-falante,
mas preferi não demonstrar
para não ofende-lo ainda
mais.

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