sexta-feira, 21 de dezembro de 2012
segunda-feira, 22 de outubro de 2012
Naquelas noites primordiais
Que, aos seus olhos,
Pareciam tão suntuosas...
Os olhos brilhantes em lugares lúgubres
A procura de anjos esmaltados
Que soltavam suaves baforadas de
fumaça perfumada
Rostos serenos andando de bar em bar
Ou por ruas úmidas e escuras
E não temiam o perigo,
Pois era natural para eles.
Os ouvidos desatentos
Ouvindo filosofias absurdas de uma
vida surreal
Rezando por mais um pouquinho de
noite
Ou para que sol se atrasasse...
Não queriam dormir,
Pois se dormissem
Teriam que acordar
E acordando
Estariam de volta ao mundo real
E a realidade pesava sobre os ombros
dessas crianças
E acabavam por sentir-se deprimidos.
Mas não podiam chorar,
Pois ninguém estava disposto a
enxugar
As suas lagrimas de cristais.
segunda-feira, 15 de outubro de 2012
TIKBALANG
Cavalo Demônio. Espreita no mato.
Na floresta escura
Em trilhas desertas
Pés sobre folhas secas
Estalam no caminhar
Busca um lugar seguro para o filho abrigar.
Noite escura
Perdido na penumbra
O coração pesado
Pelo filho deixado.
Pelo filho deixado.
Com os olhos marejados
E o coração a disparar
Acomodou-se no colo da mãe
Vendo o pai se afastar.
Perdido em pensamentos
Teve os olhos anuviados,
Alertado pelo vento
De espanto foi tomado
Ao deparar-se de repente
Com um cavalo a sua frente,
Sentiu o corpo estremecer
E ficou paralisado
O enorme animal
Pelas patas pendurado
No topo de uma árvore
De galho arrojado.
Oh armadilha danada
Engodo ferrenho
De súbito terror tomado
Viu incrédulo, o animal reanimado.
Ergueu-se como homem
De hirsuto avermelhado
O elmo escarlate
Ocultando a equina face.
Mentalmente molestado
Por tenebrosa gargalhada
Soava alto em sua mente
Pra não atentar outra gente.
Por uma vida desenfreada
Abrira a porta pra tal criatura assombrada
E sabendo a culpa que tinha
Lamentou pela família.
Sentiu a alma ser domada
E por fumo defumada
Mas a lembrança do pequeno filho,
Que ainda homem havia de se tornar,
Reanimou-lhe o espírito
E se pôs a fuga daquele lugar.
Chegando agora a clareira
Donde deixara o pequeno
Viu logo os olhos tristonhos do menino
E sentiu reaquecer o seu espírito
(Abraços e suspiros).
Sem perder tempo avisou os camaradas
Do perigo que havia na estrada
E incredulos do que acontecera
Resolveram investigar tal besteira
Retornaram assombrados
Ofegantes com olhos estalados
Pois bloqueando a trilha escura
Havia o cadáver de um cavalo.
Assim recolheram-se todos
Por uma trilha oposta
Mas não menos temerosa
Esperançosos de encontrar
Um bom lugar para morar.
sábado, 11 de agosto de 2012
DO SONHO
O sonho desprega-se das paredes do cérebro
Em placas tectônicas cor de diamante
E vagam pelo mundo metafísico
Abalando em tremores o corpo físico.
Estes impulsionam o maquinário humano
Fazendo com que suas vidas
Tenham um toque de
Divino.
Mas o tempo faz com que os sonhos,
Desgastados,
Tornem-se menos visíveis,
Sensíveis,
Exprimíveis,
E logo se transformam em fantasmas
A vagar pelo limbo do subconsciente
Vindo a consciência raras vezes
Disformes, incômodos e até
Irreconhecíveis
Para assombrar a mente do sonhador
Até caírem no esquecimento completo
Esperando quase que invisíveis
Que o eterno esquecimento os engulam
Na eterna escuridão
Ao qual estão fadados todos os homens.
terça-feira, 15 de maio de 2012
No caminho percorrido ele percebeu,
“Há algo errado!” Ele dizia
Com o coração apertado pisando em folhas secas.
Vivia aflito, com os olhos perdidos,
Muitas vezes ensimesmado. Paralisado.
Sentia dores diárias no corpo todo
E não acreditava estar desperto.
“Se essa é a realidade, eu não quero mais.” Dizia desanimado.
Conversava, mas não prestava atenção em nada.
E quando queria falar, calava-se,
Pois sabia que não seria ouvido.
Sentia-se Sísifo...
Dizia-se Sísifo...
Sabia-se Sísifo...
E sua pedra estava úmida de suor e magoas.
Olhava-se no espelho e não acreditava.
Acordava angustiado, olhava em volta e dizia:
“Não é possível!”
sexta-feira, 20 de abril de 2012
terça-feira, 17 de abril de 2012
Existem dias que você acorda mal
Existem dias em que você gostaria de não ter acordado...
"Você não quer tomar um café?"
"Não quer se levantar e lavar o rosto?"
...e fica imóvel na cama com o cabelo despenteado.
O cigarro aceso na mão derrubando cinzas no carpete.
O cigarro aceso na mão derrubando cinzas no carpete.
"Ligue para o trabalho. Diga que esta doente."
Tudo o que você faz é ligar a TV e procurar por algo inútil
Nas dezenas de opções que a operadora prestativamente lhe cobra.
Você vê, mas não enxerga.
"...acho que é uma virose."
Tudo o que você quer é o silencio primordial que já não existe mais.
O despertador grita: “Vamos meu chapa, esta na hora de se levantar.
“Há um congestionamento intercontinental lá fora pra você enfrentar.
“Você não pode se atrasar, a produção não pode parar,
“ninguém quer perder dinheiro por você não estar disposto.”
Seus vizinhos barulhentos estão “a toda” hoje.
RELAXE!
Liquidificadores, crianças gritando, motocicletas...
"Tome um daqueles comprimidos que o medico lhe receitou."
Carros buzinando, sorrisos cheios de falsa boa vontade, reuniões...
Coloque naquele canal pra adultos e toque uma.
O pastor do canal religioso diz que é pecado.
Você se levanta da cama com o rosto retorcido e arremessa a TV
Pela vidraça da janela com o Pastor Pentecostal gritando que
Você vai pro inferno enquanto seus vizinhos assustados vêm você seminu
Gritando algo sobre as crianças que brincam no gramado serem
Filhos de mães “desonestas” (não com essas palavras).
Queria enfiar os gráficos de metas e treinamentos motivacionais no seu chefe.
Você queria provocar um blackout na cidade inteira.
Você queria encarcerar todos dentro de suas casas.
Queria passar por cima de todos os motoqueiros babacas.
Você queria botar fogo em todas as obras de arte que não fora capaz de fazer.
Você queria lançar os mísseis, a bomba H.
Queria mudar-se para o Himalaia...
...
"Ora, vamos lá!...
Esta tudo bem.
Todos têm dias difíceis...
Agora saia dessa banheira, baby!
E tome seu café da manhã. Se continuar assim,
As pessoas irão se decepcionar com você."
terça-feira, 6 de março de 2012
Ele colocou os grossos e pesados óculos sobre os olhos apertados
E só então percebeu que as lentes estavam sujas e embaçadas.
Há muito tempo seus olhos já não enxergam o mundo como antes,
“É a idade”.
Também suas costas já não são mais eretas como eram antes.
Hoje elas doem.
Seus cabelos cheios e castanhos, agora estão ralos e grisalhos
E seu rosto traz em riscos profundos a passagem do tempo
Ah o tempo! Esse inevitável companheiro.
As datas se confundem, mas ele lembra,
Com romantismo exagerado, dos eventos e pessoas
Do passado.
No entanto, hoje ele se lembrou, com certa confusão,
Talvez pela data, ele não sabe...
“Aquela noite, você se lembra?
Aquela noite de festa quando o gigante passou,
Haviam muitas pessoas fazendo festa
E as ninfas belíssimas e radiantes dançavam
Ao meu redor, você se lembra?”
E o gigante passou imponente cercados por
Vaga-lumes prateados, ah os vaga-lumes...
Eram lindos...
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