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sábado, 28 de janeiro de 2012

A.E.A.O.

   Dos terrenos gelados das Terras do Norte, o trovão ecoa coa dureza do raio que aos covardes espanta e aos bravos alarma.
   Uma tempestade se forma no Norte!
   De tenebroso inferno renasce no natimorto filho, e pelo sangue fresco é batizado, abre-lhe os portões do inferno e sombra libera. Agora, pelo erro tolo da espada que não se conteve, treme a Terra toda.
   Oh, sombra a vagar de noite, nas florestas e nos vales profundos, nos olhos do lobo e das antigas criaturas. Os corações dos fracos e gananciosos vêm domar. E não adianta ser rei, idolatras quer formar para infinitas preces lhe prestar e titânicos exércitos formar.
   Domina as feras e as mentes sombrias para que em seu nome, espadas e escudos empunhar.
   Oh, corações feridos por longas lanças, campos de sangue irão cultivar pela glória da morte...

   Mas o oposto sempre há!
   Do norte o sul.
   Da sombra a luz.
   Da opressão a liberdade.
   E, banhada pelo amor da bela dama, sua espada faiscante cruzará as noites sem dias para iluminar o caminho dos homens. Sábios e destemidos, os Próceres da Terra montarão em seus cavalos de pés velozes e seres alados, filhos da luz, elevar-se-ão para confrontar o Senhor das Sombras e do Frio e dizer-lhe que a liberdade é preciosa demais para ser tomada sem resistência.
   Mas quem sairá ileso diante de tal poder e de tal evento?
   E qual coração é forte o bastante para resistir ao aríete da escuridão?
   Até a mais polida espada não resiste ao rubro sangue do inimigo.
   Até a mais reluzente armadura se ofusca sob um céu carregado de pesadas nuvens.
   Agora, ao som das poderosas trombetas que ecoam no ar tempestuoso junto com o farfalhar das flâmulas de diversas cores, eis que o coração se abala e a espada pesa, mas não deixa de ser desembainhada e apontada para o inimigo...  



ANGUSTIA!

Oh angustia, amiga minha,
Desde os tempos de criança nunca me deixou sozinho.
Quantas noites atravessamos juntos de mãos dadas.
Companhias danadas!

Nos meus paranóicos terrores infantojuvenis,
Nunca me abandonou.
E quando sozinho me encontrou naquele quarto sombrio,
Companheira fiel se tornou.
Quantos vultos e fantasmas enfrentamos juntos?
A quantos misteriosos ruídos encolhemos?
Quantos seres habitaram sob nossa cama?
E você ao meu lado com sua mão apertada em meu coração
Mantendo-me acordado na escuridão.
Na escola éramos inseparáveis
E também no trabalho sempre me acompanhou.

Oh angustia, amiga minha,
Nunca me deixou sozinho.

AOS ANDARILHOS

ilustração do autor
Não me olhe assim com esses olhos frios de cera.
Por muito tempo venho caminhando
E agora que cheguei aqui, não sei pra onde ir.
As estradas são ruins, mas às vezes, vemos borboletas.
Escute-me, tenho tantas coisas para lhe contar:
Na estrada as coisas são difíceis e são raros os momentos felizes,
Apesar das propagandas contrarias que ilude os andarilhos.
Lá, ou você caça, ou é caçado, e não é você quem escolhe
É a estrada.
Mas, pelo menos, ela não impede que você tente mudar.
A estrada é muito longo e cheia de curvas
Você nunca saberá o que pode encontrar.
Por isso, meu amigo, ande com cuidado.
Há bifurcações e entroncamentos,
Encruzilhadas e rotatórias, – mas nenhum retorno.
Quando acha que pegou um atalho ou evitou uma ladeira,
Na verdade pode estar se perdendo, entrando em ruelas escuras e labirínticas
Onde seres sombrios e agourentos habitam.
Esses usarão de subterfúgios para te iludir e te consumir.
São Embusteiros Parasíticos.
Não seja soberbo e escute os que caminham por mais tempo.
Procure em quem confiar, mas não aceite uma verdade... Procure-a.
O caminho é longo...
A estrada é dura...

Agora eu preciso ir.
Não posso me deter por muito tempo
A estrada é longa e eu preciso descobrir aonde quero chegar!