O rio corre
e, desde sua nascente,
gorgolejando e contornando obstáculos
parece ser impossível conter sua corrente
que a tudo faz florescer.
O rio corre
mas não corre por vontade própria
sua aparência indomável, incontrolável
é resultado de sua fraqueza:
a incapacidade de se governar.
O rio corre
acumula suas águas até que o terreno
incapaz de contê-las
o força a descer no primeiro declive
perdendo assim, o controle de si mesmo.
O rio corre
e quando inunda uma região
causando medo e destruição
não é por sua "fúria incontrolável"
mas da chuva que o violentara.
O rio corre
até ser julgado útil e represado,
exigem de si o máximo e sugam o que podem,
mas se seu caminho é um estorvo
então é logo desviado.
O rio corre
desce vertiginosamente impotente
arrastado por caminho inevitável
até perder toda sua doçura
absorvido pelo mar.
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