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sexta-feira, 24 de julho de 2015

FRAGMENTO DE PROSA

     Eu não entendo como as pessoas conseguem achar tantos defeitos, e criar tantas desavenças umas com as outras. Eu, no meu caso, não consigo me desentender com ninguém, gosto de quase todo mundo e me dou bem com todos.
     "- Talvez se você prestasse mais atenção às pessoas ao invés de ignorá-las conseguiria ter sentimentos mais amplos por elas!"
     ...
     Acho que vou continuar a ignorá-las.

quarta-feira, 8 de julho de 2015

MORAL DA HISTÓRIA

          Ela caminha pela calçada chapinhando poças da chuva que acabara de cessar. Cabisbaixa carrega  uma garrafa de vinho tinto dentro de uma sacola de papel pardo, ela vai para o seu terceiro encontro com esse cara, um jantar em sua casa, ela gosta dele e se tudo der certo, vão transar.
          Está frio, ela veste uma blusa de lã preta
          um cachecol de lã preto( mas com pontos diferentes, ora),
          um jeans preto
          uma bota de couro preta
          e óculos de armação de cobre.
Tem um corpo atraente apesar de estar um pouquinho acima do peso, o que realça sua bunda e suas coxas. Os cabelos repartidos ao meio e cortados pouco acima dos ombros cobrem as laterais de seu rosto, tem maçãs salientes e rosadas apesar da pele morena. olhos grandes e bem desenhados, o nariz sob os óculos é ligeiramente arrebitado o que faz com que o lábio superior sobressaia ao inferior que compensa isto sendo mais carnudo. Apesar de tudo não chama a atenção. Talvez devesse deixar o cabelo crescer, trocar os óculos, ou mostrar mais pele, mas o que realmente importa é que um cara sortudo a viu e essa noite ele irá despi-la de todas essas artificialidades e descobrir toda a beleza que ela insiste em ocultar.  
   Isto me faz pensar: se eu fosse Esopo qual seria a moral da história?

O RIO CORRE (OU NOSSAS VIDAS)

O rio corre
e, desde sua nascente, 
gorgolejando e contornando obstáculos
parece ser impossível conter sua corrente
que a tudo faz florescer.

O rio corre
mas não corre por vontade própria
sua aparência indomável, incontrolável
é resultado de sua fraqueza:
a incapacidade de se governar.

O rio corre
acumula suas águas até que o terreno
incapaz de contê-las
o força a descer no primeiro declive
perdendo assim, o controle de si mesmo.

O rio corre
e quando inunda uma região
causando medo e destruição
não é por sua "fúria incontrolável"
mas da chuva que o violentara. 

O rio corre
até ser julgado útil e represado, 
exigem de si o máximo e sugam o que podem,
mas se seu caminho é um estorvo
então é logo desviado. 

O rio corre
desce vertiginosamente impotente
arrastado por caminho inevitável
até perder toda sua doçura 
absorvido pelo mar.