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sábado, 14 de março de 2015

Há sempre muita água!

Nuvens turbulentas
Aglomeram-se num céu rabugento
Soando como um motor macio.
A tromba d'água
Despenca
Em três cones consecutivos
Que inundam ruas,
Arrasam casas,
Desbarrancam encostas
E engolfam pessoas.
Era preciso segurar as paredes,
Mas a água invadia ruidosa pelas janelas.

Há água em todo lugar!

Água em abundância
Precipitando-se turva e turbulenta.
Água insalubre
Transbordando rios e perturbando a terra.

Há sempre muita água!

Águas turvas
Que esmorece o coração e o faz tremer.
Águas que,
Mesmo terríveis,
São sedutoras e atraentes,
Quase que irresistíveis,
Assim como o desconhecido
E te arrastam
Para suas profundezas escuras
De onde é impossível voltar;
Acho que era disso
Que falavam os marinheiros e pescadores
Quando cantavam histórias sobre
Sereias.
Arrastados e afogados
Nos embustes da calmaria
Quando é mais propensa à mente vacilar
Diante, não do seu canto,
Mas de seu silêncio abismal.