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terça-feira, 15 de julho de 2014

NA COMPANHIA DA SOLIDÃO

Logo que entrou, notou a presença
Sentado em seu quarto
Numa poltrona de canto.
Como fazia frio
Naquela madrugada!

O capuz que cobria sua cabeça
Fazia com que tudo em baixo
Fosse duma escuridão densa
E profunda
Duma presença sem rosto.

Ela sentia seus olhos,
Não podia vê-lo,
Mas sentia que a observava.
Sentia sua escuridão
Sua presença imaterial.

De onde estava ela gritou:
Qual é cara?!
O outro continuou imóvel
Olhando-a. Sugando-a
Para dentro de sua escuridão

Sentou-se na cama desarrumada
Encolhida e acuada
Com aqueles olhos sobre si
Tomados pelo negrume
Que havia sob o capuz,
No estático controle.

“Perdoe-me mãe,
Por voltar agora para sua cama
Perdoe-me pai,
Por ser tão covarde.”
Desculpou-se aflita.

Foi então que um risco vermelho
Cortou o horizonte
E tingiu o céu todo de rosa
E azul-bebê
Revelando quem a assombrava.

Que vergonha!
Uma blusa vazia,
Jogada e esquecida
Na velha poltrona
Havia a aterrorizado.

Observou em silêncio
A claridade reveladora
Que entrara naquele capuz
Vazio...

E sentiu-se sozinha.