Logo que entrou,
notou a presença
Sentado em seu
quarto
Numa poltrona de
canto.
Como fazia frio
Naquela madrugada!
O capuz que
cobria sua cabeça
Fazia com que
tudo em baixo
Fosse duma
escuridão densa
E profunda
Duma presença sem
rosto.
Ela sentia seus
olhos,
Não podia vê-lo,
Mas sentia que a
observava.
Sentia sua escuridão
Sua presença
imaterial.
De onde estava ela
gritou:
Qual é cara?!
O outro
continuou imóvel
Olhando-a. Sugando-a
Para dentro de
sua escuridão
Sentou-se na
cama desarrumada
Encolhida e
acuada
Com aqueles
olhos sobre si
Tomados pelo
negrume
Que havia sob o
capuz,
No estático
controle.
“Perdoe-me mãe,
Por voltar agora
para sua cama
Perdoe-me pai,
Por ser tão
covarde.”
Desculpou-se
aflita.
Foi então que um
risco vermelho
Cortou o horizonte
E tingiu o céu todo
de rosa
E azul-bebê
Revelando quem a
assombrava.
Que vergonha!
Uma blusa vazia,
Jogada e
esquecida
Na velha
poltrona
Havia a aterrorizado.
Observou em silêncio
A claridade
reveladora
Que entrara
naquele capuz
Vazio...
E sentiu-se
sozinha.